Será que a papa infantil é indispensável na alimentação do bebé? Será que as caseiras são melhores do que as de compra? Quais são as melhores papas do mercado? Está tudo respondido neste artigo.
Uma das primeiras papas em Portugal surgiu em 1933 com objetivo de ajudar a diminuir a taxa de mortalidade infantil da época - Mas, e hoje em dia, será que ainda é necessário?
A papa é muitas vezes introduzida na alimentação do bebé porque "só assim se garante o aporte suficiente de ferro".
CONTUDO, sabe-se que absorção de ferro depende de muitos fatores e é altamente complexa, dependendo, não só da matriz do alimento, como da ingestão alimentar ao longo do dia (interação com outros nutrientes) ou até com a capacidade de absorção intrínseca a cada indivíduo.
Citando a ESPGHAN (Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica Hepatologia e Nutrição)
"Todos os bebés devem receber alimentos ricos em ferro incluindo carne e/ou alimentos fortificados com ferro. A estratégia utilizada dependerá da população, de fatores culturais e alimentos disponíveis."
Concluindo, a papa NÃO é indispensável na alimentação de todos* os bebé e é possível garantir um bom aporte de ferro através de outros alimentos e/ou através da suplementação, se necessária.
*⚠ CONTUDO, isto não pode ser generalizado para todos os bebés. É imprescindível uma avaliação individual - o que come durante o dia? Que quantidades come? Interações com outros alimentos? Faz Leite Materno ou Fórmula Infantil? Tem alguma patologia?
PAPAS LÁCTEAS
Contêm leite na sua composição, por isso são para preparar com água.
PAPAS NÃO LÁCTEAS
Não contêm leite na sua composição, por isso são para preparar com o leite do bebé.
Nota: não tenho qualquer ligação comercial com as marcas em questão - este artigo não é patrocinado por nenhuma marca.
Qual a melhor opção?
Prefiram sempre NÃO lácteas.
As papas lácteas terão sempre maior teor de açúcar resultante do processamento do produto (mesmo que não tenha açúcares adicionados). Um exemplo disso é a utilização do trigo hidrolisado.
A opção ideal será sempre escolher uma versão sem o trigo hidrolisado (não lácteas).
Como muitos pais optam pelas lácteas por questões de logistica, tentem sempre optar por uma versão que seja fonte de fibra para diminuir o impacto desses açúcares resultantes do processamento (mínimo de 3g em 100g).
Quanto maior o teor de fibra melhor!
CASEIRAS VS INDUSTRIAIS
As papas caseiras, na sua maioria, são mais económicas. Contudo, têm a desvantagem de não serem fortificadas com nutrientes (como o ferro).
Quanto às papas industriais: depende! Já temos excelentes opções no mercado, completamente isentas de açúcar, mas é preciso ter muita atenção com os rótulos.
Como saber se podem dar uma papa caseira em substituição da industrial? A resposta é simples: se conseguirem garantir um bom aporte de nutrientes ao longo do dia. Dai ser tão importante as Consultas de Introdução Alimentar em que a ingestão alimentar é ajustada às necessidades do seu bebé.
Alguns pontos extra:
🥣 A papa é um alimento muito típico da alimentação dos bebés em Portugal - mas não é obrigatório! É apenas uma opção de lanche que pode ser útil oferecer.
🥣 A papa, por si só, não garante um aporte suficiente de ferro. É necessário garantir uma boa ingestão de alimentos ricos em ferro ao longo do restante dia.
➡️ Por exemplo, um papa pode ter 5mg/100g de ferro e a carne só ter 1.9mg/100g que não quer dizer que o seu bebé terá mais ferro se consumir a papa em detrimento da carne. Vários estudos indicam que a absorção de ferro pode ser até 5x superior através do consumo de carne quando comparado com as papas fortificadas. A carne também não é obrigatória na alimentação do seu bebé, mas em casos de restrição é necessário acompanhamento nutricional para garantir um bom aporte durante o dia.
🥣 O leite materno aumenta a absorção do ferro da papa (por isso é preferível escolher a não láctea e preparar com leite materno).
NOTA: Todos os artigos são elaboradas com base em recomendações gerais, não substituem, de forma alguma, o acompanhamento individual ajustado às necessidades da sua criança. Siga sempre as recomendações do profissional de saúde que o acompanha.
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